segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

PT quer ampliar foco da CPI da Petrobras e incluir governo FHC

Para fundamentar o requerimento, partido utiliza parte do depoimento de Pedro Barusco, ex-gerente executivo da petroleira

Brasília - O PT prepara o contra-ataque na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, a ser instalada entre os dias 23 e 24 de fevereiro na Câmara. Segundo o líder do partido, Sibá Machado (AC), já há assinaturas suficientes para ampliar o fato determinante que motivou a criação da comissão para o período anterior aos governos de Lula e Dilma Rousseff. Sibá diz que o pedido de aditamento alcançou as 171 assinaturas de deputados necessárias para ser aceito. Neste caso, as investigações retroagiriam ao ano de 1997. 
Para fundamentar o requerimento, o PT utiliza parte do depoimento do ex-gerente Executivo de Engenharia da Petrobras, Pedro José Barusco Filho, no qual revelou, em delação premiada, o recebimento de propinas desde 1997, quando abriu a sua primeira conta no exterior. Neste período, o país era governado pelo PSDB. A bancada do PT na Câmara aguarda apenas a instalação da CPI para apresentar o requerimento. 
“Se tem ladrão na Petrobras, tem que ser enjaulado. O problema é que, para a oposição, só pode ter ladrão de um ponto (2003) pra cá. E ladrão para antes não existe? Não tem que ser investigado? Todos os ladrões — do passado e do presente — têm que ser encontrados e presos”, defende Sibá, para quem existe um complô com a intenção de desgastar o partido da presidenta Dilma e diluir a Petrobras. 
O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), por sua vez, rebateu afirmando que o PSDB também deseja ouvir em detalhes Barusco, especialmente quanto à informação de que o PT teria recebido até US$ 200 milhões de propina em 90 contratos da Petrobras com grandes empresas, entre 2003 e 2013. “Se nós vamos dar credibilidade a Pedro Barusco, aqui fica um compromisso público: vamos, sim, ouvi-lo e investigar desde 1997”, declarou. 
Paralelamente ao pedido de aditamento, o PT aguarda o resultado da representação junto ao Ministério Público em que também pede a ampliação das investigações realizadas no âmbito da Operação Lava Jato, com o mesmo argumento. A bancada quer ainda providências contra o vazamento seletivo de informações surgidas nas delações premiadas. Nas ações, encaminhadas à Procuradoria Geral da República, à Polícia Federal e ao Ministério da Justiça, o PT questiona o porquê de os agentes investigadores não terem aprofundado os questionamentos em torno das propinas pagas no período do governo de Fernando Henrique Cardoso. 
“Segundo as transcrições do depoimento (de Barusco), os investigadores ouviram calados. Causa surpresa e estupefação que não tenha havido qualquer indagação nem aprofundamento pelos agentes de investigação”, diz Sibá. O líder vê “sinais de prevaricação” no comportamento dos investigadores. “Eles estão pinçando apenas o que querem. Isso é prevaricação”, acusa. 
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), que coleta assinaturas para uma CPI também na Casa, desdenha das ações do PT. “Podemos apurar retroagindo ao período da Coroa portuguesa, se o PT quiser”, diz, alegando que a estratégia dos petistas é antiga e não funciona. “Esta é uma tática primária, divisionista que eles usaram no mensalão e repetem agora, mas dá certo”. 
Cunha diz que já alcançou 23 das 27 assinaturas necessárias para instaurar a CPI. Ele espera ainda a posição do PSB, que aguarda a decisão do Ministério Público sobre o caso, para evitar constrangimentos com a revelação de nomes de integrantes da comissão na lista de políticos envolvidos com a propina. “Sem o apoio do PSB não há como alcançar o número necessário, por isso vamos aguardar a decisão do Ministério Público”. 
Na Câmara, a CPI será instalada na semana seguinte ao Carnaval, entre os dias 23 e 24, de acordo com o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Até lá, os líderes partidários devem encaminhar a indicação dos parlamentares que integrarão a comissão.

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